O artigo tem como objetivo apresentar as análises de György Lukács sobre a categoria da particularidade, na sua relação dialética com a universalidade e a singularidade. Trata-se de resultado de estudo teórico acerca da obra do autor, o qual visa explicitar as contribuições da teoria marxista na superação de perspectivas analíticas que supervalorizam ou subestimam a singularidade e a universalidade, assim como daquelas que realizam reducionismos mecanicistas, por desconsiderarem as complexas mediações dialéticas. A busca por suplantar, tanto as generalizações teóricas abstratas, quanto as simplificações, na produção do conhecimento, encontra, na teoria da objetividade do autor húngaro, a ampliação dos fundamentos marxianos sobre a unidade contraditória entre fenômeno e essência. O tertium datur lukacsiano entre a totalidade abstrata e a imediaticidade fragmentada contribui para destacar a necessária apreensão dialética das mediações complexas para a adequada direção da ação humana. O esforço do autor é direcionado para a superação da fetichização empirista, que apaga as contradições mais profundas do ser-propriamente-assim e seu vínculo com as legalidades fundamentais, assim como a fetichização da razão. Nesse sentido, a singularidade, a particularidade e a universalidade são entendidas como categorias lógicas que possuem uma gênese ontológica, por isso, tanto a teoria científica, quanto a teoria estética têm o mesmo referente objetivo, representando, ao mesmo tempo, uma relação de unidade e distinção.