Este estudo tem como objetivo investigar as possibilidades discursivas nas escritas negras, para além do lugar de denúncia, abordando-as como um espaço de articulação de força e resistência, este grito por liberdade que ressoa pelas páginas dos livros promovendo o encontro entre essa voz literária outra e uma memória afetiva. Através de análises dos poemas “Ancestralidade na Alma”, de Cristiane Sobral e “Liberdade”, de Serafina Machado, ambos escritos no volume 35 de Cadernos Negros, procura-se estabelecer vínculos entre as vivências e as ressignificações propostas pelos escritores afro-brasileiros, dando maior ênfase à escrita das mulheres negras, visto que, por conta das fundações patriarcais, este corpo enfrentou a dupla subalternização, mas não deixou de resistir, fazendo isto de forma coletiva, individual, e das mais variadas maneiras. Na literatura, assim como na sociedade, a população negra teve um espaço limitado, sendo preciso muitas lutas para conquista de outras possibilidades, que não sejam aquelas demarcadas pela hierarquização dos corpos.