Resumo Português:
Em tempos de grandes movimentos migratórios como os que presenciamos na atualidade, o papel da tradução, bem como o da escrita autobiográfica se tornam questões prementes. A primeira, uma necessidade pragmática para a sobrevivência no novo meio; a segunda, uma tentativa de processamento de experiências que representam incisões profundas na biografia pessoal dos sujeitos migrantes. Com base nas pesquisas de Karpinski (2012) sobre autobiografia, migração e tradução, objetiva-se, aqui, realizar uma análise de alguns textos das escritoras radicadas na Alemanha Emine Sevgi Özdamar e Yoko Tawada. Elas são representantes de uma literatura autoficcional em língua alemã que narra histórias de deslocamentos geográficos, culturais e linguísticos, deslocamentos esses que demandam multifacetados exercícios de tradução, tanto interlinguísticos quanto culturais e identitários. Escritas como essas revelam o papel ético-político da autora-tradutora a serviço da mediação e da aproximação entre línguas-culturas-geografias supostamente distante.
Resumo Inglês:
In times of great migratory movements such as those we see today, the role of translation as well as that of autobiographical writing become pressing issues. The first is a pragmatic need for survival in the new environment; the second, an attempt to process experiences that represent deep incisions in the personal biography of migrant subjects. According to Karpinski's (2012) research on autobiography, migration and translation, our aim here is to undergo an analysis of few writings of Emine Sevgi Özdamar and Yoko Tawada, both authors living in Germany.They are representatives of a German-language autofiction that tells stories of geographical, cultural and linguistic displacements, which require multifaceted translation exercises, interlinguistic, cultural and identity-based. Writings such as these reveal the author's ethical-political role at the service of mediation and the approximation between supposedly distant languages-cultures-geographies.