“Professora, como eu faço para não falar assim feio que nem pobre e falar, assim, bonito que nem rico?” Esta questão partiu de um estudante do 8o ano do Ensino Fundamental em uma aula de História ministrada, em 2011, por mim e outros três colegas da graduação. O desconforto do garoto surgiu enquanto desempenhava o papel de ‘voz autorizada’ sobre a Segunda Guerra Mundial em um telejornal ‘futurístico’ desenvolvido pelos próprios estudantes, tarefa esta que delegamos a eles como forma de avaliar a compreensão daquele conteúdo. Este texto aborda as possibilidades de reflexão, despertar de consciência e empoderamento que os exercícios os quais simulam e estimulam o agir nos espaços públicos podem gerar nos estudantes durante as aulas de História. Também evidencia o modo pelo qual o preconceito linguístico pode criar barreiras entre os sujeitos e o conhecimento.
"Teacher, how do I not speak so ugly that I'm not poor and talk, so handsome, not even rich?" This question came from an 8th grade student in Elementary School in a History class taught in 2011 by me and three other graduation colleagues. The boy's discomfort arose while playing the role of 'authorized voice' about World War II in a futuristic television news program developed by the students themselves, a task we delegated to them as a way of assessing the understanding of that content. This text addresses the possibilities of reflection, awakening of consciousness and empowerment that the exercises that simulate and stimulate the action in the public spaces can generate in the students during the classes of History. It also highlights the way in which linguistic prejudice can create barriers between subjects and knowledge.