Sob os investimentos estéticos e narrativos do documentário de resistência na América Latina, pulsa uma produção significativa de filmes e vídeos que têm buscado resgatar uma relação com os povos originários e com a natureza atualmente muito devastada do território. Trata-se de realizações que são mobilizadas por um sentimento de resgate e valorização do modo de vida e cultura destes povos, de modo a ampliar a visibilidade das suas justas reivindicações e, também, as relações que tecem com a natureza. Deste grupo amplo de produçõesdestacamos aqui as obras Tierra roja (Ramiro Gómez, 2006), Pachamama (Eryk Rocha, 2009) e Por qué murió Bosco Wisum (Julián Larrea Arias y Tania Laurini, 2010). O corpus foi definido a partir de duas questões centrais. Uma, por expressarem um período em que ainda se vivia sob a ideia de um projeto político comum latino-americano onde, com gradações diferenciadas, reconhecia-se o genocídio dos indígenas do continente e, portanto, o dever de justiça. Outra, pautada pelo propósito de discutir possíveis veredas narrativas desse movimento de valorização das origens,que se adensam pelo atrelamento à ideia da descoberta do outro, viabilizada por concepções de realização que se valem da lógica do dispositivo, da observação e do registro.