A hostilidade para com os homossexuais é bastante comum no contexto das escolas brasileiras, embora seja rotineiramente silenciada nas e pelas ações pedagógicas. O crescimento de discussões acerca de práticas violentas e de inferiorização contra gays e lésbicas no ambiente escolar revela a necessidade de mapear discursos do senso comum que embasam a marginalizaçãoda diversidade sexual. Este artigo investiga, por meio da análise de narrativas, como são construídas as práticas homofóbicas nas escolas. Para além dos compromissos teóricos, o trabalho busca contribuir, como uma ferramenta aplicada, para entendimentos sobre concepções socioculturais homofóbicas que legitimam o preconceito nas instituições de ensino. Os dados foram gerados em uma entrevista de pesquisa qualitativa com um aluno do terceiro ano do ensino médio, vítima de hostilização e segregação por conta de sua orientação sexual. A análise, tam´bém de natureza qualitativa e interpretativista, se dá a partir dos conceitos de estigma, violência simbólia e dialogismo. Através do discurso do entrevistado, foi investigado como as crençass do senso comum, que segregam e estigmatizam alunos homossexuais, são dialogicamente inseridas nas relações sociais do cotidiano escolar. Com base na (re)construção de histórias de vida do entrevistado, os papéis de educadores e de colegas de turma foram problematizados. A análise dos dados mostrou que a omissão e o silenciamento de agentes de educação legitimam os discursos e as práticas de assédio em relação a alunos que não se encaixam na regra heteronormativa, fazendo com que a escola não apenas reproduza, mas produza o preconceito homofóbico.