Investigam-se as relações entre meios de comunicação e cultura a partir da crítica a um determinado modo de configurar tais relações nomeado como “epocalismo”. Observa-se a precariedade desse modelo de pensamento com o auxílio de três ramos de exemplos apresentados por autores diferentes e referentes a períodos históricos distintos: a convivência colaborativa de oralidade, manuscritos e impressos na Inglaterra do século XVII apontada por McKenzie; a interpenetração do oral e do escrito no Brasil dos anos 1800 e 1900 indicada por Marialva Barbosa; e as marcas da oralidade na pontuação produzidas no romance do século XIX demonstradas por Parkes. Em seguida, rascunha-se uma proposta de revisão da nossa herança de uma narrativa histórica teleológica, com a sugestão de uma redefinição das relações macro e micro a partir de uma ênfase especial nos aspectos microscópicos e criativos da cultura.
The paper investigates the relationships between media and culture, criticizing a certain way of understanding such relationships named as “epochalism”. Three classes of examples presented by different authors and related to distinct historical periods are used to indicate the limitations of this model of thought: the collaborative coexistence of orality, manuscripts and printed in seventeenthcentury England pointed out by McKenzie; the interpenetration of oral and written in Brazil during the years 1800 and 1900 indicated by Marialva Barbosa; and the marks of orality in punctuation produced in the nineteenth-century novel analyzed by Parkes. Finally, an alternative paradigm is sketched, by suggesting a redefinition of macro and micro relations, with a special emphasis on the microscopic and creative aspects of culture.