Abbas Kiarostami aplica em seus filmes e escritos certa técnica de produção de real a partir da observação de pequenos detalhes em contínuo movimento. Este artigo investiga como o cineasta elabora o ócio enquanto dispositivo para instalar no espectador um efeito de real. Esse mesmo procedimento de estudo do supérfluo e do ínfimo se codifica diferentemente quando subordinado às causalidades narrativas, resultando numa semiótica da ingenuidade. Com o suporte dos estudos de André Bazin, Christian Metz, Roland Barthes e Jacques Rancière, traçamos um caminho que apresenta personagens humanos e não humanos como vetores obstinados de uma política do ócio.
Abbas Kiarostami’s movies and theoretical writings manifest a technique of observing little details in continuous motion to evoke a sense of reality. This article investigates how the director conceives idleness as a device for instilling in the viewer such reality effect. This study of vain movements changes once it is subordinate to narrative causality, resulting in a semiotic of naiveté. With the support of the studies by André Bazin, Christian Metz, Roland Barthes and Jacques Rancière, we trace a path which presents human and non-human characters as stubborn vectors of a politics of idleness.