Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) é um clássico indicador de saúde que tradicionalmente é utilizado para avaliar as mudanças sociais e econômicas, revelando as iniqüidades em saúde. Em 1982 desponta um modelo de intervenção lançado pela UNICEF, denominado GOBI, de baixo custo, de tecnologia simples e acessível, dita apropriada e prioritária para ser implantada imediatamente nos países pobres. Esse modelo se baseava em quatro ações seletivas: acompanhamento do crescimento (Growth), reidratação oral (Oral rehydration), aleitamento materno (Breastfeeding), imunização (Immunization). Nesse trabalho procuramos fazer uma reflexão sobre os limites dessa intervenção que, mesmo com grande repercussão na diminuição da mortalidade infantil, por não propor ações que favoreciam a melhoria social, podem perpetuar um outro tipo de desigualdade: a dos sobreviventes. Desse modo alertamos para a perda da grande sensibilidade da taxa de mortalidade infantil como descritor de mudanças sociais e econômicas, quando seu declínio for conseqüência de intervenções biomédicas seletivas.