Este artigo parte da perspectiva de que a opção pelos pobres oferece um imperativo ético para analisar questões bioéticas para além dos debates tradicionais sobre o uso de tecnologia médica e da relação profissional de saúde-paciente. O autor propõe uma bioética em chave libertadora, que integre o ensino social católico às questões do mundo da saúde e os desafios éticos para a promoção da justiça por meio de um sistema público que garanta o direito à assistência à saúde. O texto inicia examinando a opção pelos pobres como ela é apresentada pelo ensino social católico e como essa opção se relaciona com o mundo da saúde. Apresenta uma análise de dados e estudos que mostram a relação entre pobreza, enfermidade e morte precoce e a existência de um círculo vicioso entre pobreza, vulnerabilidade a enfermidades, falta de assistência médica e morte. Esta realidade dramática precisa ser destruída porque é uma ameaça à vida humana. Por fim, o autor sugere que uma bioética capaz de responder aos desafios deste círculo ainda precisa ser construída, e que a integração entre o ensino social católico e a bioética, tendo a opção pelos pobres como imperativo ético, oferece elementos para a construção de uma bioética libertadora.