Para Heidegger, com a chegada da era da metafísica acabada deve advir uma proposta de “outro começo”, no qual assumiríamos uma relação mais originária com a nossa historicidade mediante um confronto meditativo com a tradição e com o presente. O que ele assume como tarefa de suas reflexões e como proposta de superação da metafísica, a partir da Kehre. Contudo, Heidegger admite que essa transição depende mais de determinadas disposições históricas do que de um empenho de superação. O que faria do pensador parte de um desvelamento histórico. Isso conduz a alguns interpretes a considerarem a sua filosofia, não só como uma tentativa de preparar um período pós-metafísico da história, mas também como parte de realização desse período da metafísica acabada. John Sallis considera Ser e tempo e os escritos da segunda fase como parte dessa realização. Nesse artigo, abordamos alguns aspectos essenciais da crítica sobre o fim da metafísica, bem como da proposta de superação desenvolvida por Heidegger tanto em Ser e tempo, quanto a partir da Kehre, para com base nelas questionar a tese de J. Sallis de que Ser e tempo é parte de uma realização do fim da metafísica.
According to Heidegger with the era of metaphysics accomplished should be offered a proposal of “another beginning”, in which we would assume a more originary relation with our historicity through a meditative confrontation with the tradition and the present. He assumes it as a task of his reflections and as proposal of overcome metaphysics, since the Kehre. However, Heidegger admits this transition depends more of certain historical dispositions than of a commitment to overcome it. This would make the thinker part of a historical unconcealment. This leads some interpreters to consider his philosophy, not only as an attempt to prepare a post-metaphysical period of history, but also as part of an accomplishment of metaphysics. John Sallis considers Being and time and the writings of the second phase as part of this accomplishment. In this article, we discuss some essentials aspects of the criticism on the end of metaphysics, as well as the proposal of overcoming developed in Being and time and in the Kehre. On this basis, it will be questioned the Sallis’s thesis which defends that Being and time is part of the end of metaphysics