A partir dos fundamentos da Análise de Discurso francesa, construída por Michel Pêcheux, este artigo procura analisar o discurso de Carolina Maria de Jesus na posição de sujeito-autor, por meio da sua primeira obra, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicada em 1960, ao discursivizar sobre a fome da escrita e a escrita da fome pela tessitura do poético. O poético entendido como desestabilização dos sentidos que quebra a possível ilusão de linearidade da escrita e permite o funcionamento da polissemia. As análises apontam que a escrita de Carolina Maria de Jesus é um ato de resistência porque rompe com uma formação imaginária de autor (branco, classe média, com alto grau de escolaridade, intelectual), assim como faz ranger a política literária que funciona canonizando determinadas autoras e autores e suas obras e interditando outros.
Based on the foundations of the French Discourse Analysis, constructed by Michel Pêcheux, this article goals to analyze the discourse of Carolina Maria de Jesus in the position of subject-author, through her first work, Room of Eviction: Diary of a shanty town dweller, published in 1960, and how she puts on discourse meanings about the hunger of the writing and the writing of the hunger by the texture of the poetic one. The poetic understood as destabilization of the senses that breaks the possible illusion of linearity of writing and allows the polysemy to function. The analysis shows that the writing of Carolina Maria de Jesus is an act of resistance because it breaks with an imaginary formation of author (white, middle class, with a high degree of schooling, intellectual), and unbalance the literary policy that works by canonizing certain authors and their works as well as interdicting others.