Este artigo analisa as transformações em curso no sistema monetário e financeiro internacional (SMFI) desde a Crise Financeira Global de 2008 e o papel desempenhado pelos países do BRICS. O artigo argumenta que, embora as mudanças provocadas pelos países do BRICS tenham sido marginais, porque não ocorreu uma mudança substancial nas relações de poder subjacentes, estas mudanças importam porque são poder como um fim em si mesmo. São examinadas três áreas em que o grupo foi relativamente bem sucedido em desafiar o sistema: (i) aumentar sua voz nos principais fóruns econômicos globais (com foco no FMI e no G20), (ii) criar novas instituições financeiras internacionais; e (iii) influenciar a nova visão institucional do FMI sobre fluxos de capital. Em seguida, discute-se os limites do poder monetário e financeiro dos BRICS, dada sua posição subordinada no SMFI, com a exceção da China. Compreender a ascensão e os limites do poder monetário e financeiro dos BRICS é importante porque eles encorajam o arcabouço teórico existente a avançar, se quisermos entender como atores subordinados – como as economias emergentes e os grupos formados por eles (tal qual os BRICS) – podem conseguir aquilo que querem em um sistema rígido, hierárquico e ainda dominado pelas economias avançadas.
This article analyses the ongoing transformations in the international monetary and financial system (IMFS) since the outbreak of the 2008 Global Financial Crisis and the role played by the BRICS countries. It argues that while changes the BRICS countries have been marginal, because there was not a substantial shift in the underlying power relations, these changes still matter because they are power as an end in itself. The article looks into three areas where the group was relatively successful in challenging the system: (i) increasing their voice in major global economic forums (focusing on the IMF and the G20), (ii) creating new international financial institutions and (iii) influencing the IMF’s new institutional view of capital flows. It then discusses the limits of the BRICS’ monetary and financial power given their subordinated position in the IMFS, China being the exception. Understanding the rise and limitations of the BRICS’ monetary and financial power is important because they encourage the existing theoretical framework to advance if it wants to understand how subordinated players in the IMFS – such as emerging economies and the groupings formed by them (like the BRICS) – can have their way in a system which is rigid, hierarchical and still dominated by advanced economies.