Este artigo investiga um importante desafio que a China enfrentará nos próximos anos: as consequências geoeconômicas do rebalanceamento de seu regime de crescimento. Do lado da demanda, o investimento e as exportações chinesas abrem espaço para o consumo, reduzindo as importações de bens de capital e aumentando as importações de bens de consumo. Do lado da produção, a indústria perde terreno para os serviços. Contudo, cada regime implica diferentes fluxos comerciais e de investimento e padrões de influência, cooperação e parceria. Assim, a distribuição espacial do comércio e do IED da China deve mudar, modificando os vínculos econômicos com seus parceiros, como os BRICS, e seus poderes de negociação na economia mundial. Este estudo avalia a trajetória das importações chinesas de bens e dos IEDs de outros BRICS. Em termos de comércio, avaliamos a competitividade das exportações de cada país em relação à produção chinesa. Sobre os fluxos de IDE, consideramos a distribuição setorial do investimento realizado pelas maiores Empresas Multinacionais (EMN) do BRICS para avaliar as mudanças prováveis. Nossa pesquisa sugere que os impactos do rebalanceamento em cada BRICS são geralmente negativos e assimétricos, dependendo da posição destes últimos na divisão internacional do trabalho, moldada pela própria influência geoeconômica da China.
This article investigates a challenge that China will face in the coming years: the geoeconomic consequences of rebalancing its growth regime. On the demand side, Chinese investment and exports give room for consumption, reducing imports of capital goods and increasing imports of consumption goods. On the production side, manufacturing loses ground to services. Yet, each regime implies different streams of commercial and investment flows, and patterns of influence, cooperation, and partnership. Thus, the spatial distribution of international trade and FDI must change, modifying economic linkages between China and its partners, like BRICS, and their bargaining power in the world economy. This study evaluates the trajectory of Chinese imports of goods and FDIs from other BRICS countries. In terms of trade, we assess the competitiveness of each country’s exports in relation to Chinese output. Regarding FDI flows, we consider the sectoral distribution of investments carried out by the largest Multinational Corporations (MNCs) from BRICS to assess likely changes. Our research suggests that the impacts of rebalancing on each BRICS country are mostly negative and asymmetrical, depending on the position of the latter in the international division of labor, shaped by the very geoeconomic influence of China.