Ao olharmos os processos civilizatórios ocorridos na América Latina, em uma perspectiva autocrítica, poderemos constatar que formas outras de produção do conhecimento foram violentadas pelos colonizadores. A busca de uma razão intelectualista fez com que as afetividades fossem evitadas, ocasionando processos de violência epistêmica e racial que se estruturaram em diversas instituições produtoras de conhecimento. A instituição escolar, nesse sentido, (re)produz relações assimétricas de poder baseadas em representações enviesadas sobre os povos indígenas, por exemplo. Dessa forma, o Ensino de Ciências e Biologia, no pressuposto de um conhecimento neutro e imparcial que busca se distanciar das emoções, pode colaborar, em algumas situações, para relações racistas. Mas ao reconhecermos esse outro que se nos apresenta em sua diversidade e buscando uma educação intercultural, quais seriam as contribuições que os conhecimentos dos povos indígenas poderiam nos fornecer em relação às emoções para uma educação antirracista? Ao partir de uma perspectiva da descolonização, o presente trabalho busca refletir sobre possíveis contribuições para aspectos éticos que se relacionam às condições de possibilidade para que a vida floresça.