O aguapé é listado entre as 100 piores plantas invasoras, além de ter sido classificado como a 11ª pior espécie invasora da Europa dado seu impacto na biodiversidade aquática e utilização de recursos hídricos pelas populações humanas. Prever a distribuição é o primeiro passo para entender a adequabilidade do nicho e prever o impacto da invasão pela espécie. Nesta pesquisa, um modelo de distribuição potencial do aguapé foi elaborado para avaliar o risco global de invasão, por meio da sobreposição deste modelo a áreas de biodiversidade e consumo de água. O algoritmo MaxEnt - Maximum Entropy foi utilizado na construção do modelo e incluiu cinco camadas bioclimáticas e uma de áreas urbanizadas. A camada de áreas urbanas foi a que mais contribuiu individualmente para o modelo e destacou a importância das cidades como fonte ou mecanismo de dispersão do aguapé. Os hotspots globais de biodiversidade estão predominantemente situados em regiões de alta adequabilidade para a espécie. Os sítios de Ramsar e as unidades de conservação globais estão em um nível de risco mais baixo do que os hotspots. No entanto, cenários futuros de mudanças climáticas e o crescimento urbano podem colocar essas áreas em maior risco de invasão. Ameaças provocadas pelo aguapé são possivelmente mais agudas nas regiões que sofrem com a seca crônica. Os resultados sugerem que modelos de distribuição potencial que não incluem variáveis antrópicas podem estar significativamente subestimando a distribuição potencial de espécies invasoras. Além disso, a plasticidade ecológica dessa espécie e sua associação com centros urbanos aumentam a preocupação com os impactos do aguapé na biodiversidade e sobre os recursos hídricos.
Palavras-chave: aguapé, espécies invasoras, modelos de distribuição de espécies.
The water hyacinth (Eichhornia crassipes) is listed among the 100 worst invasive plants and was ranked as the 11th worst invasive species in Europe, being a threat to aquatic biodiversity and water-provision. Predicting species distribution is the first step to understanding niche suitability, forecasting the invasion impact and building resilience against this species. In this study, we used a potential distribution model to assess the global risk of water hyacinth invasion by overlapping maps of highly suitable areas for water hyacinth occurrence and areas of biological importance and water scarcity. The MaxEnt - Maximum Entropy algorithm was used in the construction of the model and included five global bioclimatic layers and one of urbanized areas. Among the variables used, occurrence is mainly explained by urban areas, highlighting the importance of cities as a source or dispersion mechanism of the water hyacinth. Global biodiversity hotspots are predominantly situated in high suitability regions for the species. Ramsar sites and global protected areas are at a lower risk level compared to hotspots; however, future climate change and urban growth scenarios could put these areas at higher risk for invasion. Threats posed by the water hyacinth are possibly more acute in regions suffering from current or chronic drought. The results suggest that niche models that do not consider anthropic variables may be underestimating potential distribution of invasive species. Furthermore, the ecological plasticity of the water hyacinth and its close association with cities increase the concern about the impact of this species on the environment and on water security.