Numa primeira impressão, “ontologia” e “política” são uma companhia improvável. Enquanto a ontologia evoca a essência, a política, tal como os cidadãos modernos, democráticos e multiculturais tendem a concebê - la, se caracteriza por desmascarar essências e por afirmar em seu lugar as capacidades dos coletivos humanos de construir mundos. Ainda assim, a noção de uma construção social da realidade comporta uma ontologia particular muito poderosa – e aqui nos referimos também ao aspecto político do seu poder. A despeito disso, como antropólogos, estamos sintonizados com “os poderes dos fracos”-e com as várias conexões complexas – algumas delas crucialmente negativas – entre as difer enças de poder (política) e os poderes da diferença (ontologia).