O texto aborda os “desencontros” das políticas brasileiras em relação à Convenção -
Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), sob auspícios da Organização Mundial da Saúde,
ratificada pelo Brasil em 2005. Um dos pontos de embate está na diminuição/erradicação
do cultivo do tabaco. O governo brasileiro, numa postura politicamente correta, bane o fumo do espaço público,
diminui o número de fumantes, mas oficialmente estimula o cultivo do tabaco para o incremento da
balança comercial. Apesar da ratificação da Convenção pelo Brasil, encontramos o cultivo em
pequena propriedade, em trabalho familiar, com alta carga de agrotóxico, em integração com a
agroindústria fumageira, ou seja, agronegócio, pouco lembrado, quando mencionado. A relação de
integração vertical transforma o fumo em primo pobre do agronegócio, em relação aos avicultores
e suinocultores, face ao baixo grau de capitalização das famílias integradas. A pesquisa é de caráter
qualitativo, envolvendo dois municípios. Entrevistamos vinte fumicultores e quatro
lideranças sindicais. Recorremos igualmente a fontes documentais e estatísticas para complementação e
aprofundamentos dos dados obtidos em campo. A pesquisa encontra-se em fase de andamento.
Como resultados preliminares, observamos que o cultivo do fumo não é opção dos pequenos
agricultores, mas uma das únicas saídas encontradas para permanecer na agricultura. Agricultores
com maior grau de capitalização recusam-se ao plantio do fumo. As políticas públicas têm olhar
oblíquo em relação aos fumicultores.
The text addresses the “mismatches” of Brazilian policies regarding the
Framework Convention on Tobacco Control (FCTC), under the auspices of the World
Health Organization, ratified by Brazil in 2005. One of the points of conflict is the decrease
/ eradication of tobacco cultivation. The Brazilian government, in a politically correct
stance, bans smoking from public space, decreases the number of smokers, but officially
encourages tobacco cultivation to increase the trade balance. Despite the ratification of the
Convention by Brazil, we find the cultivation in small property, in family work, with high
pesticide load, in integration with the tobacco industry, that is, agribusiness, little
remembered, when mentioned. The relationship of vertical integration turns tobacco into a
poor cousin of agribusiness, in relation to poultry and pig farmers, given the low
capitalization of integrated families. The research is qualitative, involving two
municipalities. We interviewed twenty tobacco farmers and four union leaders. We also
used documentary and statistical sources to complement and deepen the data obtained in the
field. The research is in progress. As preliminary results, we note that tobacco growing is
not an option for small farmers, but one of the only ways out to stay in agriculture. Farmers
with higher capitalization refuse to plant tobacco. Public policies have an oblique look
towards tobacco growers.
El texto aborda los "desajustes" de las políticas brasileñas con respecto al Convenio
Marco para el Control del Tabaco, bajo los auspicios de la Organización Mundial de la Salud,
ratificado por Brasil en 2005. El gobierno brasileño condena fumar, pero oficialmente
estimula el cultivo de tabaco para aumentar la balanza comercial. La investigación es cualitativa, involucrando
a dos municipios en el oeste de Santa Catarina. Veinte productores de tabaco y cuatro líderes
sindicales fueron entrevistados. Se utilizaron fuentes documentales y estadísticas para complementar
y profundizar los datos obtenidos en el trabajo de campo. La investigación está en progreso. Como
resultados preliminares, observamos que el cultivo de tabaco no es una opción para los pequeños
agricultores, sino una de las únicas formas de mantenerse en la agricultura.
.