Não existe consenso sobre o emprego dos termos “cena” e “sequência” na teoria e prática do roteiro cinematográfico. Para alguns, cena e sequência designam a mesma coisa: uma ação circunscrita a determinado tempo e lugar. Enquanto alguns autores explicam que uma sequência abarca uma ou mais cenas (FIELD, 1995; PARENT-ALTIER, 2004), outros adotam a lógica contrária: uma cena envolve uma ou mais sequencias (MAMET, 2010; BRISELANCE e MORIN, 2011). Mas seria essa categorização de fato precisa e eficiente? Por que muitas vezes, informalmente ou não, diz-se “a cena do assalto” ou “a cena do banco”, e noutras “a sequência do assalto” ou “a sequência do banco”? Para além de uma mera diferença de jargão, serão investigados aqui a precisão das categorias “cena” e “sequência”, algo do histórico desses termos e seus usos correntes, no sentido de esclarecer dúvidas e controvérsias a respeito da unidade dramática no roteiro audiovisual, particularmente o roteiro cinematográfico.
There is no consensus regarding the use of terms like “scene” and “sequence” in the theory and practice of the screenplay. Sometimes, “scene” and “sequence” can designate the same thing, an action attached to a given place and time. Whereas some authors explain that a sequence encompasses one or more scenes (FIELD, 1995; PARENT-ALTIER, 2004), others adopt the opposite logic: a scene can encompass one or more sequences (MAMET, 2010; BRISELANCE and MORIN, 2011). But then again, is this categorization really effective and precise? Why it is so usual at given times, in conversations about any given film, to hear the terms “the scene of the robbery”, or “the bank scene”, but also “the sequence of the robbery”, or “the bank sequence”? Beyond a mere difference in terms of jargon (film vs. television), the categories “scene” and “sequence” will be thoroughly investigated in this study, with the aim to clarify some controversies concerning the dramatic unit in the screenplay.