Ideias Fundamentais Sobre a Natureza na China e no Japão

Revista Brasileira de Filosofia da Religião

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ISSN: 2358-8284
Editor Chefe: CECILIA CINTRA CAVALEIRO DE MACEDO
Início Publicação: 19/09/2014
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas

Ideias Fundamentais Sobre a Natureza na China e no Japão

Ano: 2018 | Volume: 5 | Número: 2
Autores: Edrisi Fernandes
Autor Correspondente: Edrisi Fernandes | [email protected]

Palavras-chave: Filosofia Chinesa, Filosofia Japonesa, Confucionismo, Daoísmo/Taoísmo, Xintoísmo

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

São apresentadas aqui algumas ideias fundamentais sobre a “Natureza” no pensamento da China e do Japão. A atitude tradicional tanto na especulação mais racional quanto na reflexão mais existencial dessas regiões naturais e históricas caracteriza-se usualmente por um respeito profundo e pela impressão de uma relação de filiação ou unidade, e não de superioridade ou contrariedade, em relação à Natureza - que jamais é representada como algo estranho ou completamente externo ao homem -, chegando-se à percepção de que “o Céu/a Natureza e a humanidade estão unidos através do Dao/Tao (Dō) [Caminho]” (天人一道Tianren yidao/T’ien-jen i-tao [chinês]; Tenjin ichidō [japonês]) ou à ideia da existência de  uma “unidade entre o Céu/Natureza (Cosmos) e a humanidade” (天人合一Tianren heyi/T’ien-jen ho-i [chinês]; Tenjin gōitsu [japonês]). Essa atitude assemelha-se ao entendimento de mundo dos “poetas-xamãs” e dos vates de todos os tempos, e também guarda afinidades com a physiología (espécie de “filosofia da natureza”) mais antiga dos pensadores pré-socráticos. Idealizadas como possam ser, essas concepções diferem radicalmente daquelas que propõem uma visão da natureza como objetivável (passível de ser tomada como objeto), objetável, “selvagem”, descontrolada, e daí sujeita a distanciamento, confronto, “domesticação” e dominação.



Resumo Inglês:

Here are presented some fundamental ideas about “Nature” in the thought from China and Japan. The traditional attitude, in both the  most  rational  speculation  and  the  most  existential  reflection  in these natural and historical regions, is usually characterized by a deep respect  and by  the  impression  of  a  relationship of  filiation or unity, and not of superiority or contrariety, in relation to Nature -which is never represented as foreign or completely external to man -, reaching the perception that “Heaven/Nature and humanity are united through the Dao/Tao(Dō) [Path]” (天人一道Tianren yidao/T’ien-jen  i-tao[Chinese]; Tenjin ichidō[Japanese]), or the idea of the existence of an “unity between Heaven/Nature (Cosmos) and humanity” (天人合一Tianren heyi/T’ien-jen ho-i[Chinese]; Tenjin gōitsu[Japanese]). This attitude resembles the understanding of the world by “shaman poets”  and vatesof  all  times,  and  also  has  affinities  with  the physiología(a kind of “philosophy of nature”) of the pre-Socratic thinkers. Idealized as they may be, these conceptions radically differ from those that present a view of nature as objectfiable (that can be taken as an object), objectionable, “wild”, uncontrolled, and hence subject   to   distancing,   confrontation,   “domestication”,   and domination.Here are presented some fundamental ideas about “Nature” in the thought from China and Japan. The traditional attitude, in both the  most  rational  speculation  and  the  most  existential  reflection  in these natural and historical regions, is usually characterized by a deep respect  and by  the  impression  of  a  relationship of  filiation or unity, and not of superiority or contrariety, in relation to Nature -which is never represented as foreign or completely external to man -, reaching the perception that “Heaven/Nature and humanity are united through the Dao/Tao(Dō) [Path]” (天人一道Tianren yidao/T’ien-jen  i-tao[Chinese]; Tenjin ichidō[Japanese]), or the idea of the existence of an “unity between Heaven/Nature (Cosmos) and humanity” (天人合一Tianren heyi/T’ien-jen ho-i[Chinese]; Tenjin gōitsu[Japanese]). This attitude resembles the understanding of the world by “shaman poets”  and vatesof  all  times,  and  also  has  affinities  with  the physiología(a kind of “philosophy of nature”) of the pre-Socratic thinkers. Idealized as they may be, these conceptions radically differ from those that present a view of nature as objectfiable (that can be taken as an object), objectionable, “wild”, uncontrolled, and hence subject   to   distancing,   confrontation,   “domestication”,   and domination.