Recusatio christiana e apostasia do eu-lírico nas “Quadras da alma dorida”, de Ruy Belo

Guavira Letras

Endereço:
Avenida Ranulpho Marques Leal, 3484 - Distrito Industrial II
Três Lagoas / MS
79613-000
Site: http://www.guaviraletras.ufms.br
Telefone: (67) 3509-3701
ISSN: 1980-1858
Editor Chefe: Kelcilene Grácia-Rodrigues
Início Publicação: 01/08/2005
Periodicidade: Trimestral

Recusatio christiana e apostasia do eu-lírico nas “Quadras da alma dorida”, de Ruy Belo

Ano: 2018 | Volume: 14 | Número: 26
Autores: Adriano Tarra Betassa Tovani Cardeal, Maria Lúcia Outeiro Fernandes
Autor Correspondente: A. T. B. T. Cardeal, M. L. O. Fernandes | [email protected]

Palavras-chave: Ruy Belo, poesia religiosa, Recusatio christiana, apostasia

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Ruy de Moura Ribeiro Belo (1933-1978), em alguns de seus poemas de matriz religiosa (maiormente católica, embora, às vezes, afeita à judaica), criou um eu-lírico cuja figura está imbuída de um espírito de recusa – o qual, vez ou outra, torna-se acusação contra Deus, fato que ascende à apostasia (desvio da trajetória seguida); por isso, o afastamento definitivo entre criatura e Criador – conforme o viés religioso do corpus bellianum – acontece mediante o processo que aqui se denomina recusatio christiana, com a qual o Homem (representado pelo eu-lírico) alterca com aquele a quem considerava seu Senhor. Interessa o aspecto dubitativo dessa pessoa poética recusadora, visto que – no poema “Quadras da alma dorida” – oscila ante a atitude decisória de crer no humano ou no divino, de maneira que aquela se mostra com infindáveis incertezas a respeito de si e da vida, pois se reconhece – a meio caminhar de sua existência – cercada de muitas instabilidades em que sua alma padece ao perceber-se incapaz de alijar-se de seus sofrimentos. Sendo assim, a visada do eu-lírico descende dos patamares celestes aos terreais, para reencontrar a identidade já não existente entre ele e Deus.



Resumo Inglês:

Ruy de Moura Ribeiro Belo (1933-1978), in some of his poems of a religious (mostly Catholic, although, sometimes, related to Jewish) matrix, created a poetic person whose figure is imbued with a spirit of defiance – which, one time or another, becomes accusation – against God, a fact that ascends to the apostasy (deviation from the trajectory followed; therefore, the definitive separation between creature and creator – according to the religious bias of the corpus bellianum – takes place through the process here called the recusatio christiana, with which the Man (repre-sented by the belian poetic person) quarrel with the one he considered his Lord. The dubious as-pect of this refusing poetic person is of interest, because – in the poem “Quadras da alma dorida” – he oscillates before the decisive attitude of believing in the human or in the divine, in a way that poetic person shows him-self with endless uncertainties about himself and life, because – at halfway from his existence – surrounded by many instabilities in which his soul suffers when he perceives himself incapable of keep away his sufferings. Therefore, the aim of the poetic person descends from the celestial levels to the earthly, to rediscover the identity that no more exists between him and God.