Este artigo propõe que a categoria analítica “racismo” não é adequada para analisar as experiências de pessoas negras, seja no Brasil, seja no restante da diáspora. Por supor que experiências negras e experiências não negras são análogas e, portanto, comensuráveis, o racismo não dá conta da singularidade das experiências negras. De fato, as pessoas negras ocupam uma posição única na constituição das subjetividades modernas. Constituindo as identidades em oposição às quais a Humanidade se define, a pessoa negra é simultaneamente excluída da família humana e absolutamente necessária à constituição dessa mesma família. A antinegritude, ao contrário do racismo, aceita essa proposição como ponto de partida e sugere que a díade fundamental do mundo moderno é “pessoas negras/pessoas não negras”. Essa díade sugere um mundo social planetário muito diferente daquele do racimo. De acordo com o racismo, a díade definidora do mundo social planetário é “pessoas brancas/pessoas não brancas”.
This article proposes that the analytical category “racism” is not adequate to analyze the experiences of black people, either in Brazil or in the rest of the diaspora. By supposing that black experiences and non-black experiences are analogous and therefore commensurable, racism does not account for the uniqueness of black experiences. Indeed, black people occupy a unique position in the constitution of modern subjectivities. Constituting the opposing identities, in which humanity defines itself, the black person is simultaneously excluded from the human family and indispensable for the constitution of that same family. Antiblackness, unlike racism, accepts this proposition as a starting point and suggests that the fundamental dyad of the modern world is “black people/ non-black people.” This dyad suggests a planetary social world very different from that of racism. According to racism, the defining dyad of the planetary social world is “white people/non-white people.”