Este artigo se propõe a mapear e analisar as capas da revista Bravo! ao longo dos quase 16 anos em que esteve em circulação, observando a construção da memória coletiva sobre a cultura brasileira a partir do lugar que a revista reserva para os diferentes sujeitos neste espaço consagrado e consagrante. Após a análise quantitativa, empregamos o conceito de gênero articulado aos estudos feministas pós-estruturalistas, compreendido como categoria analítica e epistemológica (SCOTT, 1995; BONETTI, 2007) mapeando questões de gênero, raça e faixa etária em uma perspectiva interseccional (CRENSHAW, 2004). Realizamos a análise qualitativa aplicando os preceitos teórico-metodológicos da Análise Enunciativa (FOUCAULT, 2007) aos dados. Os resultados apontam que a memória construída pela revista Bravo! privilegia o sujeito masculino (74% das capas), branco (91%) e na faixa dos 60 anos ou mais de idade (60%), fortalecendo e reiterando valores sociais hegemônicos no que se refere à cultura. Além disso, verificou-se que as mulheres têm mais visibilidade nas faixas etárias que antecedem os 40 anos, enquanto os homens ganham mais legitimidade na capa da revista a partir dos 60 anos de idade. Na perspectiva interseccional, identificamos a tripla invisibilização de gênero, raça e geração que atinge as mulheres negras, presentes em apenas 0,67% das capas.
This paper proposes to map and analyze the covers of Bravo! magazine during its circulation for almost 16 years, observing collective memory construction about the brazilian culture from the different individuals who appear in Bravo!’s cover, this place that consecrates and it is consecrated. After the quantitative analysis, we applied the concept of gender established by the post-structuralist feminist studies, and understood as an analytical and epistemological category (SCOTT, 1995; BONETTI, 2007), mapping gender, race and age bracket issues on an intersectional perspective (CRENSHAW, 2004). The qualitative analysis was performed by the application of the theoretical and methodological rules from Enunciative Analysis (FOUCAULT, 2007). The results indicate the memory built by Bravo! magazine privileges the individual who is male (74% of the covers), white (91%) and is 60 years old or more (60%), which means that the magazine reinforces hegemonic social values about brazilian culture. Furthermore, it was found that women have more visibility under the age of 40 (61%), while men acquire more legitimacy on the magazine cover from their 60 years old. Considering an intersectional perspective, we identified the triple invisibilization of gender, race and age bracket that affects black women, who were present in only 0.67% of Bravo!’s covers.