O texto parte do pressuposto de que a relação entre finitude e infinitude é crucial tanto para o entendimento da existência humana, de modo amplo, quanto para pensar um conceito de religião. A partir desta relação o texto desenvolve três conceitos-chave para o entendimento de religião em e a partir de Kierkegaard. O conceito de desespero é apresentado inicialmente como a má relação entre finitude e infinitude no indivíduo, com consequente perda de sentido existencial, especialmente a partir de O Conceito de Angústia e de A Doença para a Morte. Em segundo lugar, a fé é apresentada como forma da rearticulação entre finitude e infinitude, a partir da noção de duplo movimento, como exposta em Temor e Tremor. Este conceito de fé será iluminado a partir de uma relação pontual com o conceito de preocupação última, de Paul Tillich e, então, o texto retornará à problemática de A Doença para a Morte. Por fim, o conceito de amor será desenvolvido a partir de As Obras do Amor como conteúdo que une finitude e infinitude. Esta união, contudo, se dá de forma simbólica e paradoxal. Assim, neste ponto proponho uma leitura que articula a questão do amor com o conceito de paradoxo como desenvolvido em Migalhas Filosóficas.
The text is based on the presupposition that the relation between finitude and infinitude is crucial for the understanding of human existence, in broad terms, as for thinking a concept of religion. From this relation the text develops three key-concepts for the understanding of religion in and from Kierkegaard. The concept of despair is initially presented as the misrelation between finitude and infinitude in the individual, with the consequent loss of existential meaning, especially from some concepts from The Concept of Anxiety and The Sickness unto Death. Secondly, faith is presented as the form of the rearticulation between finitude and infinitude, from the concept of double movement, as it is exposed in Fear and Trembling. This concept of faith will be illuminated from a punctual relation with the concept of ultimate concern, of Paul Tillich, and then, the text will return to the problem of The Sickness unto Death. Finally, the concept of love will be developed from Works of Love as the content that unites finitude and infinitude. This union, however, occurs in a symbolic and paradoxical way. So, at this point I propose a reading that articulates the notion of love with the concept of paradox as developed in Philosophical Fragments.