Diante da relativa ausência do estudo da religião no meio filosófico acadêmico brasileiro, o texto busca explorar a tese de que esse fato se deve a uma associação da religião a uma atitude politicamente conservadora e uma falta de espírito crítico, devida a uma suposta valorização da fé em detrimento de um posicionamento cético. O artigo pretende discutir a relação entre religião e inteligência usando a noção de conservadorismo como mediação conceitual. Inicialmente, é analisada a relação entre religião e conservadorismo, na qual será proposta uma noção de conservadorismo religioso, distinto do conservadorismo político. A segunda seção trata da relação entre conservadorismo e inteligência, analisando o papel do conservadorismo epistêmico no desiderato não só científico, mas epistemológico em geral de ganho cognitivo sobre a realidade. Uma comparação do papel epistêmico da dúvida e da crença se segue dessa análise. Em seguida, é discutida a relação entre religião e inteligência, tanto do ponto de vista da aplicação de princípios de conservadorismo epistêmico na defesa da razoabilidade da crença religiosa quanto de uma compreensão de inteligência mais ampla que a meramente intelectual. Ao final, analisa-se novamente o problema da religião no meio acadêmico em vista da relação entre ela, o conservadorismo e a inteligência.
In view of the relative absence of the study of religion in the Brazilian academic philosophical circles, the text explores the thesis that this fact is due to an association of religion to a politically conservative attitude and a lack of critical spirit, given a supposed valorization of faith instead of a skeptical stance. The article aims to discuss the relationship between religion and intelligence by employing the notion of conservatism as conceptual mediation. Firstly, it analyses the relation between religion and conservatism, in which it will be proposed a notion of religious conservatism as different from political conservatism. The second section deals with the relationship between conservatism and intelligence, analyzing the role of epistemic conservatism in the scientific (and epistemological in general) desideratum of cognitive gain over reality. A comparison between the epistemic roles of doubt and belief follows from this analysis. Thirdly, it will be discussed the relation between religion and intelligence, both from the point of view of the application of epistemic conservatism principles to the defense of religious belief reasonableness and from a broader comprehension of intelligence than the mere intellectual one. In the end, the problem of religion in the academic circles is retaken in view of the relationship between religion, conservatism and intelligence.