A obra de William Blake se encontra num lugar incomum na arte ocidental. O artista, não apenas pretendendo casar o humano e o divino, a infância e a vida adulta, a percepção física com a capacidade imaginativa, como toda a sua Filosofia dos Opostos demonstra, foi mais longe, conectando poesia e imagens pictóricas em suas iluminuras. Sua opção por uma forma de arte análoga – nem poesia nem pintura, mas poesia e pintura – mostrou-se uma escolha extremamente arriscada. Num período em que ilustradores de obras literárias eram considerados artistas menores – vide caso do francês Gustav Doré e do inglês John Gilbert –, Blake não ofertou apenas ilustrações de obras textuais já consagradas como também promoveu, em sua própria arte, um casamento entre poesia escrita e arte pictórica. Nesse trabalho, pretendemos problematizar a leitura que se tem feito da obra de Blake levando-se em conta apenas o texto e ignorando a importância de suas imagens, buscando assim a validação de uma interpretação mais completa da obra do poeta inglês.
William Blake's work has an unusual place in Western art. The English artist, not only looking for to union the human and divine, the childhood and adulthood, the physical perception with the imaginative one, as its entire Philosophy of Contrasts demonstrates, connects poetry with pictures in his Illuminated Books. His own choice of a similar form of art – not poetry or painting, but poetry and painting – was a very risky choice. At a time when illustrators of literary texts were considered minor artists - see French Gustav Doré and English John Gilbert -, Blake not only offering textual illustrations of classical texts as well promoted in his own art, a marriage between poetry writing and pictorial art. In this paper, we will study the necessity of reading Blake’s art taking into account his text and his painted pictures in the validation of a more complete interpretation.