A metodologia de análises quantitativas dos estudos sociolinguísticos (Sankoff, 1980; Guy, 2007 [1993]; Bayley, 2002), com auxílio de programas como GoldVarbX e Rbrul, constitui uma valiosa ferramenta para a investigação da língua em uso, pois permite entrever padrões de covariação que podem não ser aparentes de outro modo. Entretanto, a simples identificação de correlações não conduz automaticamente à interpretação de seu significado; verificada uma correlação entre duas variáveis A e B, cabe interpretar se A motiva B, se B motiva A ou, ainda, se A e B são motivadas por uma terceira variável C. Com esse pano de fundo, este trabalho discute resultados de análises quantitativas sobre o emprego variável de formas interrogativas, definidas pela posição do constituinte interrogativo: (a) pré-verbal (“Onde (que/é que) você mora?”); e (b) pós-verbal/in-situ (“Você mora onde?”). A discussão desses resultados concerne a uma teoria da língua em uso na medida em que visa ao exame dos mecanismos de seu funcionamento e das razões pelas quais não se observa a categoricidade de uma única forma linguística.
The methodology of quantitative analyses in sociolinguistic studies (Sankoff, 1980; Guy, 1993; Bayley, 2002) with softwares such as GoldVarbX and Rbrul is a valuable tool for investigating language in use, as it allows for the analysis of patterns of covariation that may not be apparent otherwise. Nevertheless, mere identification of correlations does not automatically lead to its interpretation. Whenever two variables A and B are correlated, one must interpret if A motivates B, if B motivates A or yet if A and B are motivated bu a third variable C. With this question in mind, this work discusses the results of quantitative analyses of the variable use of wh-interrogatives, defined by the position of the wh-word: (a) preverbal (Onde (que/é que) você mora? ‘Where (that/ is-it that) you live?’); and (b) posverbal/in-situ (Você mora onde? ‘You live where?’). This concerns a theory of language in use insofar as it aims at examining its mechanism and the reasons why the linguistic system does not present categorical rules.