A partir do século XVIII, os assim considerados “efeitos perversos da civilização urbana” passam a ser foco de investimentos curativos e tratamentos de várias espécies; com freqüência, a cura para tais males está na natureza, seja este termo ligado ao meio ambiente, seja ligado a um contato mais íntimo com uma suposta “natureza humana”, um “estilo de vida saudável”. A partir do livro “Doenças da civilização – você pode curá-las”, do Dr. Boris Sokoloff, publicado em 1952, no qual o médico lança mão de argumentos que mostravam a importância de um certo retorno à natureza e de uma higiene cotidiana para que se atinja uma “saúde positiva”, buscamos refletir sobre como a idéia de “males” ou “doenças da civilização” é atualizada nas produções discursivas a respeito de doenças, tomando como exemplo etnográfico o material publicitário de laboratórios farmacêuticos a respeito da depressão. “Estilo de vida”, “qualidade de vida” e “saúde” são categorias das quais se lança mão com freqüência em um contexto no qual o cotidiano vem sendo amplamente medicalizado.