Embora seja mais conhecido pelos seus romances, o escritor português Eça de Queiroz produziu também contos, ainda que em quantidade reduzida se comparada à produção romanesca. Neles, discute temas de toda ordem, ultrapassando a estética que publicamente defende para tratar de questões tipicamente humanas, como o amor, a educação e outros valores ligados à burguesia portuguesa do século XIX. No entanto, apesar de narrativas breves tão bem compostas, do gosto que seu autor afirma ter em compô-las e do sucesso entre os leitores, elas não recebem atenção mais cuidada entre os estudiosos da literatura que se detém em analisar outros veios da produção queirosiana. Por isso, este artigo objetiva traçar o percurso desse tipo de composição na história do escritor e levantar os aspectos fundadores dos contos, utilizando-se de estudos críticos- informativos, tradicionais e recentes. Os resultados indicam que as narrativas de pouca extensão sempre estiveram presentes na produção do autor, desde seus primeiros exercícios no campo da ficção até sua fase final de criação. Observa-se que também nessa modalidade, o autor português demonstra empenho estético para discutir as questões de seu tempo.