Na passagem do século XIX para o XX, o evolucionismo de Spencer, o racismo científico de Gobineau e as leis de Comte, exerciam forte influência no pensamento científico ocidental, norteavam políticas de Estado e serviam como justificativas de intervenções e incorporação de vastas regiões do globo à dinâmica de expansão do capitalismo. Neste contexto, tanto Mato Grosso quanto seus habitantes, majoritariamente indígenas, foram caracterizados como “hostis”, “bárbaro”, a espera de “colonização”, distante da “civilização”. Viajantes dos mais variados campos foram para o território até então desconhecido, em busca, além do “exótico”, de potencialidades econômicas. O objetivo do artigo é compreender a partir da análise discursiva dos relatos dos viajantes as representações do território e seus habitantes.
Crossing the threshold of the 19th to the 20th century, Spencer’s evolutionism, Gobineau’s scientific racism and Comte’s laws, exerted a strong influence on Western scientific thinking, guided State policies and served as interventions justifications and incorporation of large parts of the world to the dynamics of capitalism expansion. In this context, both Mato Grosso and its mostly indigenous inhabitants were considered as “hostile”, “barbaric”, waiting for “colonization”, distant from “civilization”. Travelers from several fields went to the hitherto unknown territory, seeking for economic potentials, besides the "exotic". The purpose of the article is to understand the representations of the territory and its inhabitants from discursive analysis of travelers' reports.