Das pinturas rupestres aos mapas elaborados em softwares, a cartografia tem sido caracterizada como a principal técnica de representação do espaço-geográfico. Contudo, ao consultar a literatura acadêmica, observam-se poucos trabalhos a respeito da maneira indígena de representar o seu território, de produzir a sua própria cartografia, o que de forma alguma expressa a realidade indígena, repleta de elementos que configuram uma linguagem cartográfica peculiar, rica e carregada de simbolismos. Considerando esta problemática, este artigo tem como objetivo analisar a produção cartográfica indígena a partir da representação do seu espaço, relacionando-a ao ensino de geografia na educação escolar indígena dos povos Assurini do Trocará e Tembé do Gurupi, habitantes da T.I Trocará e da T.I Alto Rio Guamá, respectivamente, localizadas no Estado do Pará. Nele, parte-se de uma abordagem de estudo qualitativa com um tipo de pesquisa documental a partir das produções cartográficas e textuais de alunos e professores indígenas. A análise dos materiais revela que a produção cartográfica desses povos reúne condições para se tornar um componente essencial no ensino de geografia desenvolvido nas escolas indígenas de ambas as comunidades, corroborando o previsto na seção destinada ao ensino de Geografia no Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (RCNEI).