No Irã, a fusão de um Estado forte com leis e instituições religiosas após a revolução iraniana de 1979, gerou uma estrutura estatal dual. As instâncias não eleitas exercem ali o controle sobre os órgãos eleitos e, na maioria das vezes, não aceitam o primado da democracia nem tampouco o princípio de igualdade entre os sexos (ou entre muçulmanos e não muçulmanos). A questão central que se coloca aqui é a de saber se um Estado religioso é capaz de se adequar a tais normas. O exame das políticas implementadas mostra que, no caso do Irã e do xiismo, o principal obstáculo deve-se mais às relações não democráticas entre Estado e Sociedade do que à compatibilidade (ou falta de) real ou potencial das tradições e práticas religiosas com os princípios democráticos.
En Iran, la fusion d’un État fort avec des lois et institutions religieuses après la révolution iranienne de 1979 a engendré une structure étatique duale. Les instances non élues y exercent leur contrôle sur les organes élus et n’acceptent pour la plupart ni le primat de la démocratie, ni le principe d’égalité des sexes (ou entre musulmans et non-musulmans). La question centrale posée ici est de savoir si un État religieux est à même de se conformer à de telles normes. L’examen des politiques à l’oeuvre montre que, dans le cas de l’Iran et du chiisme, le principal obstacle réside davantage dans le maintien de rapports non démocratiques entre État et société que dans la compatibilité réelle ou potentielle des traditions et pratiques religieuses avec les principes démocratiques.