Este artigo enfoca o impacto da política identitária em matéria de igualdade de gênero. Mais precisamente, ele explora o vínculo paradoxal entre religião e política numa sociedade multireligiosa, além da complexidade de uma situação em que se pretende que o ativismo das mulheres, tanto reforce quanto conteste a sua identidade sexual. Alguns dizem que a política religiosa nem sempre nega a igualdade de gênero. Veremos, no entanto, que a Índia oferece um exemplo notável de instrumentalização das mulheres em benefício de objetivos dos partidos políticos de direita. O artigo examina as estratégias dos mais influentes entre eles, bem como as linhas de ação de organizações de mulheres e de grupos de muçulmanos no que concerne à reforma jurídica e à controvertida e litigiosa questão de um Código Civil único. Contra a ideia de que a melhor maneira de ampliar os direitos das mulheres muçulmanas no contexto comunitário seria reformar o código do estatuto pessoal com base no feminismo islâmico, demonstraremos que tal abordagem tende a cristalizar as identidades em base a clivagens religiosas e que a política religiosa se utiliza dos direitos das minorias para marginalizar os direitos das mulheres.
Cet article porte sur l’impact de la politique identitaire en matière d’égalité des sexes. Plus précisément, il explore le lien paradoxal entre religion et politique dans une société multireligieuse, outre la complexité d’une situation voulant que le militantisme des femmes, à la fois conforte et conteste leur identité sexuelle. D’aucuns affirment que la politique religieuse ne nie pas toujours l’égalité des sexes. On verra pourtant que l’Inde offre un exemple frappant d’instrumentalisation des femmes au profit des objectifs des partis politiques de droite. L’article examine les stratégies des plus influents d’entre eux, ainsi que la ligne de conduite des organisations de femmes et des groupes de musulmanes concernant la réforme juridique et la question litigieuse d’un Code civil unique. Contre l’idée que la meilleure façon d’étendre les droits des musulmanes dans le contexte communautaire actuel serait de réformer le code du statut personnel en s’appuyant sur le féminisme islamique, on montrera qu’une telle approche tend à figer les identités en fonction des clivages religieux et que la politique religieuse se sert des droits des minorités pour marginaliser les droits des femmes.