O presente artigo apresenta resultados preliminares de um estudo que lança mão das duas espécies de ratos urbanos cosmopolitas – rato de telhado (Rattus rattus – Lineu, 1758) e ratazana (Rattus norvegicus - Berkenhout, 1769) – para conduzir a exploração de problemas de pesquisa ligados ao conceito de Antropoceno. Analiso o Antropoceno em dois eixos narrativos. No primeiro, Antropoceno-como-problema, avalio a urbanização e suas implicações ambientais sob a expressão-síntese “ratos e cidades”. No segundo, Antropoceno-como-agenda, defendo a importância da perspectiva multiespécies e sua relação obrigatória com a transdisciplinaridade, sob a expressão-síntese “superação do antropocentrismo”. Sustento que a plasticidade adaptativa e identitária dos ratos, assim como suas características de organismos de fronteiras, credenciam esses animais como “vetores epistemológicos” capazes de conduzir leitores e pesquisadores pela teia viva e labirintos narrativos do Antropoceno.
This paper aims to present preliminary results of a study that resources to the two cosmopolitan rat species – the black rat (Rattus rattus - Linnaeus, 1758) and the brown rat (Rattus norvegicus - Berkenhout, 1769) – to conduct explorations on the research problems related to the concept of Anthropocene. The Anthropocene is here assessed through two narrative axes. The first one, Anthropocene-as-a-problem, is dedicated to analysing urbanization and its environmental implications, under the phrase “rats and cities”. In the second axis, Anthropocene-as-an-agenda, the phrase “overcoming anthropocentrism” is intended to discuss the importance of a multispecies approach, and its obligatory link to transdisciplinarity. The rats’ adaptive and identitary plasticity, as well as their features as boundary-crossers and shape-shifters, are seen as properties that enable these animals to act as “epistemological vectors”, capable of leading readers and researchers through the living web and narrative mazes of the Anthropocene.