A projeção brasileira sobre a América do Sul foi destaque desde sua redemocratização, ocorrida na década de 1980. Ainda assim, seu comportamento não pode ser considerado hegemônico em seu sentido realista, exercido pelo poder duro. Nem liberal, já que optou pela multiplicidade de iniciativas, de baixa grau de institucionalização. Propomos a aplicação do conceito gramsciano de hegemonia para analisar se o Brasil exerce a sua na América do Sul por meio de um ativismo nos processos de integração regional. Para isto, utilizamos o método qualitativo com um estudo de caso único típico para desenvolver uma ilustração preliminar de teoria, baseado em uma revisão bibliográfica da história da política externa Brasileira (fontes primárias e secundárias). Esta análise nos leva a argumentar que há dubiedade na atuação brasileira regional, já que optou por não aprofundar o grau de institucionalização das organizações regionais e por não exercer poder coercitivo durante crises regionais. Ainda que o comportamento brasileiro não representa um caso típico de hegemonia, tendo os achados pouca validade externa para além deste caso, há evidências sua atuação em diversos arranjos regionais como líder e construtor de consensos é uma forma de exercer hegemonia (gramsciana) na região.
Brazilian projection towards South America has been an important issue since its re democratization process in the 1980s. Still, Brazil’s regional behavior could not be considered as a hegemony, under the realist point of view, that is, exerted by its hard power. Nor liberal, considering the option for multiplicities initiatives and a low level of institutionalization. Therefore, we propose to apply the Gramscian concept of hegemony to analyze if Brazil could exert hegemony towards South America throughout its participation in regional integration processes. To do so, we have chosen to use a qualitative method of analysis along with a typical case-study to develop a prelaminar theory illustration, based upon a literature review of the Brazilian foreign policy (primary and secondary sources). This inquiry leads us to argue that there is a dubiety regarding Brazil’s regional action. Firstly, due to the lack of institutionalization of South American regional organizations and; secondly, because Brazilian foreign policy was not able to wield coercive power during regional crises. However, even considering that Brazil’s projection towards the region do not represent a typical case of hegemony (realist), bearing in mind the findings low rates of validity beyond this case-study, there are enough evidences that its actions in many arrangements as leader and constructor of consensus it is a way to employ hegemony (Gramscian) in regional terms.