O estudo se concentra em aproximar historicamente o papel da imprensa chilena na construção cultural do pensamento punitivo no Chile do século XIX. Para tanto nos situamos estrategicamente durante os anos da execução do projeto Portaliano de “ordem social”, formulado pelo bloco conservador para restabelecer a hegemonia interna fortemente fraturada após a ruptura independentista (1810-1818) e pelas diversas lutas intra-elite durante os primeiros anos da República (1823-1830-51-59). O artigo aborda o contexto da reforma do sistema prisional, considerando-o como o cenário histórico propício a partir do qual se explicam as diferentes transformações na concepção da questão penal no Chile. Para determinar estas transformações, pesquisam-se os diferentes arquivos documentais das instituições de presídio e as linhas editoriais da imprensa chilena durante as décadas conservadoras. O objetivo do estudo é determinar – em perspectiva histórica – as transformações do conceito de castigo penitenciário no discurso político-intelectual e suas representações na imprensa da época. Argumenta-se que esse discurso construiu um imaginário social punitivo e condenatório que visava estigmatizar culturalmente o sujeito popular, vinculando-o estreitamente à questão criminal.
