A definição controversa do conceito de paródia suscita uma discussão que não se circunscreve somente ao domínio teórico-crítico da literatura, e se projeta na tentativa de compreensão de um conjunto de produções ficcionais que não mais se relacionam intertextualmente com outras obras por meio unicamente do desvio crítico. Inserido nesse contexto de indagações, propomos discutir as nuances de significado dos conceitos paródia e pastiche e a viabilidade de seu emprego na análise da obra Memorial do fim, de Haroldo Maranhão, escritor paraense contemporâneo que, nesse romance, retoma o estilo e os temas da obra machadiana. Para tanto, a análise interpretativa do romance do escritor paraense é feita em paralelo com a releitura da obra ficcional e da fortuna crítica de Machado de Assis, de modo que se possam apreender, pela comparação, os recursos utilizados na apropriação de um discurso por outro.