Este artigo aborda um aspecto importante do debate atual sobre ações afirmativas que permanece invisível aos olhos de muitos de seus participantes: embora o discurso jurídico seja representado como uma expressão da operação de parâmetros racionais e universais, ele pode ser usado para disseminar ideologias que pretendem legitimar projetos de dominação. Apesar de serem formuladas como manifestações do interesse comum, elas almejam promover o poder hegemônico de determinados grupos por meio da associação entre princípios jurídicos abstratos e narrativas culturais particulares.
This article addresses an important aspect of the current debate about affirmative action that remains invisible to many of its participants: despite the traditional representation of legal discourse as an expression of the operation of rational and universal parameters, it can actually function as an ideological devise that seeks to reproduce processes of domination that, although formulated as manifestations of the common good, advance the interests of hegemonic groups through the association between abstract legal principles and particular cultural narratives.