CATIMBÓ E TORÉ: PRÁTICAS RITUAIS E XAMANISMO DO POVO POTIGUARA DA PARAÍBA

Vivência: Revista de Antropologia

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ISSN: 2238-6009
Editor Chefe: Julie Antoinette Cavignac
Início Publicação: 07/05/2012
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Sociologia

CATIMBÓ E TORÉ: PRÁTICAS RITUAIS E XAMANISMO DO POVO POTIGUARA DA PARAÍBA

Ano: 2019 | Volume: 1 | Número: 54
Autores: J. G. Vieira
Autor Correspondente: J. G. Vieira | [email protected]

Palavras-chave: Xamanismo, Encantados, Corporalidade

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Este artigo pretende analisar a prática ritual do catimbó e da jurema entre o povo Potiguara, que se localiza no litoral do Estado da Paraíba (Brasil), com o intuito de apontar para a articulação de tais práticas com o ritual do toré, tendo como pano de fundo a concepção nativa de encantado. Os Potiguara definem os encantados como sendo os habitantes de locais específicos como a mata e os fundos e os definem pelo atributo da invisibilidade e por dois predicados específicos: a humanidade e a imortalidade. Em suas práticas rituais, os pajés, os mestres do toré e os especialistas do catimbó acionam entidades espirituais que estão presentes no culto da jurema (como mestres e caboclos), entidades do catolicismo (santos). A centralidade da jurema e a presença de entidades das religiosidades afro-brasileiras em tais práticas propiciam o uso pejorativo do termo catimbozeiro para classificar os especialistas rituais. Esses dialogam com os encantados através de viagens e da incorporação espiritual por meio de melodias, que são chamamentos para “fazer o trabalho”, de orações fortes e do uso da defumação com fumo e que estão presentes em maior ou menor expressividade no toré. O toré é concebido e vivido como brincadeira, como ritual e como guerra contra o visível e o invisível, o que remete às operações de tradução, mediação e cura, e indica uma efetiva combinação com novas técnicas disponíveis e as possibilidades de agenciamento de humanos e entidades encantadas e espirituais.



Resumo Inglês:

This paper intends to analyze the ritual practice of catimbó and jurema within the Potiguara people, located on the coast of the State of Paraíba (Brazil), aiming to point out the articulation of such practices with the ritual of toré, having as background the native conception of encantado. The Potiguara define the encantado as the inhabitants of specific places as the forest and the backlands and define them by the attribute of invisibility and by two specific predicates: humanity and immortality. In their ritual practices, the pajés, the master of toré and the specialist of the catimbó trigger spiritual entities that are present in the cult of jurema (such as masters and caboclos), entities of catholicism  (saints). The centrality of jurema and the presence of entities of Afro-Brazilian religiosities in such practices provide the pejorative use of the term catimbozeiro to classify the ritual specialists. These specialists dialogue with the encantados through trance trips and/or incorporate them by means of melodies that are called “todo the work”. They make use of strong prayers, smoking with tobbaco and other herbs and that are present in a greater or less expressiveness in the rituals that refers to translation, mediation and healing operations, and its uses indicate an effective combination with new techniques available. The toré is conceived and lived as a joke, as a ritual and as a war against the visible and the invisible, referring to the operations of translation, mediation and cure, and it indicates an effective combination with new available techniques and the possibility of agency of humans and enchanted and spiritual entities.