O artigo apresenta os diferentes interesses em jogo no processo de expansão das atividades turísticas e projetos de desenvolvimento na região do extremo-oeste do litoral do Ceará. A partir dos dados etnográficos colhidos junto à localidade de Bitupitá, que comporta uma das maiores colônias de pescadores da região e onde ainda se pratica a pesca de curral, o artigo aborda a legislação que estabelece os direitos das comunidades e povos tradicionais, situando os pescadores daquela localidade frente aos direitos estabelecidos e aos interesses estatais e empresariais, tendo em conta o atual contexto de expansão das atividades turísticas, da pesca predatória e da implementação de usinas de energia renovável (eólicas) na região. A situação de mudanças vivida por essas populações, no presente, é abordada à luz dos resultados apresentados por etnografias já clássicas sobre o tema, realizadas no âmbito da antropologia brasileira.