O propósito deste artigo é aproximar o pensar do filósofo Martin Heidegger e o poetar do poeta Manoel de Barros. O fio condutor por onde se construirá a análise tem como problemática a relação entre útil e inútil, presente tanto na filosofia de Heidegger, quanto na poesia de Manoel de Barros. E perpassa a seguinte questão: tomando como ponto de partida a atividade do pensar (meditativo) em Heidegger e a poesia (poética do inútil) em Barros, de que forma é possível situar o pensamento fora da esfera meramente instrumental e utilitarista que, costumeiramente, entendemos fundar toda ação na contemporaneidade? E mais: como a filosofia de Heidegger e a poesia de Manoel de Barros podem trazer luz a este modo de pensar e agir? Quais os traços característicos que aproximam ambos, filósofo e poeta? Esta problemática nos levará a supor que, no caso de Heidegger e Manoel de Barros, o que comunga a filosofia e a poesia vai muito além da linguagem. O caminho empreendido para tal propósito trata da construção argumentativa e comparativa, entrelaçando ambos autores e tendo como fundamentação teórica suas principais obras que permeiam a questão do útil e do inútil, seja do ponto de vista da filosofia ou da poesia.