Discute-se neste trabalho a interpretação não-metafísica que Jean-Luc Marion propõe da prova da existência de Deus no Proslogion de Santo Anselmo. O autor mostra como Marion distorce o objeto sob análise, ao aplicar a ele pressupostos hermenêuticos que são incompatíveis com os fundamentos metafísicos do argumento de Anselmo. Algumas das contradições e inconsistências que permeiam o raciocínio de Marion são expostas e criticadas. Como resultado, sustenta-se—contra Marion—que a ratio Anselmi indubitavelmente pressupõe o enquadramento metafísico do pensamento de Anselmo, tendo, portanto, uma dimensão ontológica (mesmo que não exatamente no sentido kantiano).