O nosso artigo tem como objetivo mostrar o caráter originário da vida ética no pensamento hegeliano, isto é, a exigência de pensá-la como irredutível à sua gênese empírica, quer na perspectiva do naturalismo, quer na do individualismo. Com tal propósito tomamos como foco de nossa análise o manuscrito de 1803-1804 que recebeu posteriormente o título de “Sistema de eticidade” ressaltando como a sua constituição dialética implica em ruptura com relação ao pensamento ético e político modernos e, desse modo, oferece fecunda contribuição para a discussão filosófica contemporânea. Embora sem avançarmos em direção da obra de maturidade do filósofo e permanecendo numa base textual bastante restrita, acreditamos que nela já podemos discernir alguns elementos para a crítica de uma abordagem materialista da ética.