O meu texto toma como referência central o pensamento de Sören Kierkegaard, mas não tem a pretensão de oferecer um estudo erudito ou especializado do filósofo. Possui antes um perfil ensaístico, embora procure evitar tanto a mera digressão, quanto a abordagem de uma sucessão arbitrária de temas. A leitura de Kierkegaard não é em si mesma o meu objetivo, embora ela ocupe uma boa parte da exposição. Na verdade, ela parte de um determinado horizonte conceptual que poderia ser resumido na ideia do esquecimento das raízes existenciais do pensar. Assim, o texto está dividido em quatro partes. Na primeira é delineada a problemática filosófica tomada como ponto de partida. Na segunda e na terceira partes focalizei alguns aspectos dos escritos de Kierkegaard, sobretudo do período de 1843 a 1846, com a intenção de mostrar a fecundidade de seu modo paradoxal de fazer filosofia. A ênfase recaiu na leitura do primeiro capítulo de “O conceito de angústia”. Na última parte tratei de alguns aspectos da ressonância kierkegaardiana em Karl Jaspers e Martin Heidegger. No entanto, este último autor esteve presente desde o início na demarcação deste estudo.