A realidade da crise migratória em suas repetidas tragédias, por um lado, tem provocado grande comoção. Por outro lado, também explicita a inércia política que países e instituições internacionais têm demonstrado ante tal fenômeno. Este contraste entre as duas reações pode ser compreendido pela forma como a esfera pública foi esvaziada de “princípios de ação” na modernidade. A partir da crítica arendtiana ao conceito de compaixão, veremos que a política possui uma “fundação afetiva” que inspira, ou não, a ação efetiva. Neste sentido, mostraremos que os fenômenos modernos da “ascensão do social” e do surgimento da “intimidade” mantiveram nossa experiência afetiva desatrelada da ação política.