Nos últimos anos, no campo da Antropologia e das Ciências Sociais tem-se observado um interesse renovado de se estudar como o desenrolar da epidemia da Aids e da expansão das tecnologias biomédicas de tratamento a nível global modelaram as lutas das pessoas afetadas a fim de sobreviver e como elas deram forma à essa sobrevivência. Este artigo apresenta os resultados de minha investigação de doutorado sobre o ativismo de pessoas afetadas pelo HIV/Aids na Área Metropolitana de Buenos Aires. Descrevo e analiso como, na interseção de políticas de Estado e intervenções de agências internacionais, uma parte da população afetada pela epidemia criou e reforçou uma identificação baseada na condição biomédica de ser HIV positivo ou “pessoa vivendo com o HIV”. Concluo com uma breve discussão conceitual para sugerir que, no espaço dos mundos locais onde transcorre o cotidiano dos conjuntos mais precários afetados pelo HIV, se funda e reproduz uma biossociabilidade a partir da qual se criam demandas em busca de uma existência mais digna.
Recently Social Sciences and Social Anthropology have been showing special interest in studying how AIDS epidemic and biomedical technologies shaped social experiences and gave rise to social struggles for health rights. This article shows some of the results of an ethnographic research about the activism of people living with HIVAIDS in the less privileged neighborhoods of Buenos Aires Metropolitan Area. I analyze aspects of the structure of activist groups and associations, the building up of spaces for contention and sociability and the demands generated to guarantee free access to antiretroviral treatments and improve the assistance they get from the State. I intend to show that for a part of the afflicted population HIV gave rise to new ways of social identification and action, biosociability, and vindications expressed in terms of the right to health and life.