Baseado nos pressupostos teóricos e metodológicos da Semiótica francesa, o presente artigo visa refletir sobre a relação entre os conceitos “formas de vida” e “práxis enunciativa”. De acordo com a teoria, as formas de vida evidenciam os modos como os indivíduos e as coletividades percebem o mundo e dão a conhecer suas concepções de existência. Ademais, elas concernem tanto à manutenção quanto à transformação, pois se formam e se desfazem pelo uso, são inventadas, praticadas ou recusadas pelas instâncias enunciantes. Tal consideração remete à noção de práxis enunciativa ao refletir sobre a passagem daquilo que é limitado e estabilizado no sistema da língua àquilo que é singular e inovador no exercício do discurso. Desse modo, este trabalho baseia-se no entendimento de que a dinâmica da práxis enunciativa permite o contraste entre formas de vida tradicionais, armazenadas no sistema cultural, e aquelas inventivas, que transgridem os códigos e os usos estabelecidos para fundar uma nova axiologia. Tal abordagem permite, assim, a inserção na teoria de discussões relativas ao uso, às identidades culturais, à variação das estruturas e sua tipificação.
Based on the theoretical and methodological assumptions of French Semiotics, this article aims to reflect on the relationship between the concepts “forms of life” and “enunciative praxis”. According to the theory, the forms of life highlight the ways in which individuals and collectives perceive the world and make be known their conceptions of existence. Furthermore, they concern both maintenance and transformation, because they are formed and disintegrated by use, theyare invented, practiced or rejected by the enunciating instances. That consideration refers to the notion of enunciative praxis, when reflecting on the transition from what is limited and stabilized in the language system to what is unique and innovative in the discourse exercise. In this way, the work is based on the understanding that the dynamics of enunciative praxis allows the contrast between traditional forms of life, stored in the cultural system, and those inventive, that transgress the established codes and uses to found a new axiology. This approaching allows the insertion in the theory of discussions related to the use, the cultural identities, the variation of structures and their typification.