Este trabalho se propõe a analisar os discursos filosóficos de Heidegger e Bakhtin, especialmente no que respeita às concepções sobre o ser e a linguagem. Para constatar as relações dialógicas entre os filósofos é preciso resgatar os discursos proferidos pelos eles no âmago de uma construção filosófica sobre o ser, o que se dá na materialidade dos textos, pelo pensamento e pela linguagem. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, por meio da qual incidimos olhares linguístico-científicos sobre a correlação existente entre as obras Ser e Tempo (HEIDEGGER, 1979) e Para uma filosofia do ato responsável (BAKHTIN, 2010). Alguns resultados desta pesquisa apontam para o fato de que Bakhtin, ao reenunciar escritos heideggerianos, reelabora a concepção de ser e de linguagem. Enquanto na base epistemológica de Heidegger, o ser era primado pelo pensamento, na compreensão de Bakhtin, em diálogos com Volóchinov, o ser se constitui no sujeito e na alteridade, pela linguagem e na interação viva entre os sujeitos falantes e suas consciências, nas relações dialógicas de enunciados de naturezas histórica, sócio-interacional, ideológica e linguística.