A Cidade do Recife sofreu com fortes modificações urbanísticas no decorrer da sua história. Contudo, poucas dessas modificações foram, de fato, tão marcantes, intrínsecas, viscerais e duradouras como as vivenciadas durante a gestão de Francisco do Rego Barros, Conde da Boa Vista, à frente da Presidência da Província de Pernambuco, ofertada por indicação e exercida a pedido do Imperador Dom Pedro II de Bragança. Com o Conde da Boa Vista, o Recife comutou-se da cidade arraigada ao passado mascate e ao traço Colonial das edificações públicas e Barroco das construções eclesiásticas e civis para o traço elegante e pungente do Neoclassicismo. Este foi trazido da Europa para o Recife pelo conde e acabou por transformar a cidade em seu amálgama, construindo uma nova cultura e um novo hábito social de importância parecida só encontrada nas ações de outro conde, o Conde Maurício de Nassau Von Siegen, Príncipe de Holanda, no século XVII, durante a Invasão Holandesa. Assim, ver-se-ão neste artigo quais e como as mudanças produzidas por Francisco do Rego Barros se refletiram na realidade recifense, sem julgá-las, sem adentrá-las no mérito da engenharia ou mesmo da arquitetura, mas pelo mérito da sobrevivência ao longo dos séculos na face da cidade e na postura dos seus citadinos.