Entre o legado musical e a redescoberta da escuta na pós-modernidade Os caminhos de uma nova música em Luciano Berio

Revista da Tulha

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ISSN: 2447-7117
Editor Chefe: Marcos Câmara de Castro; Eliel Almeida Soares
Início Publicação: 02/01/2017
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Linguística, Letras e Artes, Área de Estudo: Artes, Área de Estudo: Multidisciplinar, Área de Estudo: Multidisciplinar

Entre o legado musical e a redescoberta da escuta na pós-modernidade Os caminhos de uma nova música em Luciano Berio

Ano: 2018 | Volume: 4 | Número: 2
Autores: Daniela Amaral Rodrigues Nicoletti, Silvia Maria Pires Cabrera Berg
Autor Correspondente: Daniela Amaral Rodrigues Nicoletti | [email protected]

Palavras-chave: Escuta, Sonologia, Música Contemporânea, Luciano Berio.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O presente artigo propõe-se primeiramente a examinar o argumento de Seth Kim-Cohen sobre a existência de um divisor de águas nas artes em meados do século XX a que atribui a origem de uma “virada epistemológica e ontológica” cultural profunda – situada, na música, no ano de 1948. Kim-Cohen aponta nessa data a confluência de três eventos decisivos para isso: o início das experimentações sonoras do engenheiro Pierre Schaeffer, nos estúdios da ORTF (Office de Radiodiffusion Télévision Française) e a primeira composição silenciosa de John Cage – lançando os princípios da música concreta e da aleatoriedade na música, como alternativa ao paradigma da música ocidental erudita. O terceiro evento assinalado por Kim-Cohen refere-se às gravações elétricas pioneiras de Muddy Water, em que a tecnologia, usada tanto na gravação como na reprodução sonora, por um lado amplifica e modifica o som acústico, por outro interfere na relação presença/ausência, dada pela interação entre os próprios músicos na performance musical, entre músicos e ouvintes, entre produção sonora e espaço acústico, além de tornar possível, a ampla circulação e utilização de músicas.



Resumo Inglês:

This paper aims at examining, first of all, Seth Kim-Cohen’s argument according to which the mid 20th century represented a hallmark in arts, with the beginning of a deep cultural “epistemological and ontological turn”.  In  music,  the  turning  point  was  the  year  of  1948,  when,  for  Kim-Cohen,  three  decisive  events  came  together.    First,  the  beginning  of  engineer  Pierre  Schaeffer’s  sonorous  experiments,  in  the  ORTF  studios (Office  of  Radiodiffusion  Télévision  Française)  and,  secondly,  the  first silent  composition  by  John  Cage.  Together,  they  meant  the  release  of  the principles of concrete music and of aleatoric music as an alternative to  western  erudite  music  paradigm.  The  third  event  refers  to  Muddy  Water’s pioneering electric recordings. In this case the technology used both in recording and in sound reproduction amplifies and modifies, on the  one  hand,  the  acoustic  sound  and,  on  the  other  hand,  interferes  in  the  presence  /  absence  relation  given  by  the  interaction  between  the musicians themselves in musical performance, between musicians and listeners  and  between  sound  production  and  acoustic  space,  besides  making possible the wide circulation and utilization of musical pieces. For  understanding  the  effect  of  20th  century’s  new  technology in  sound  production  and  reproduction  over  postmodernity  musical  listening  and  composition,  we  focuse  such  effects  in  what  they  relate to composer Luciano Berio’s poetics as both a musical and aesthetical thought. The choice of this composer among so many others is justified and foremost by the particular way in which he articulates many of the  questions  that  presented  themselves  to  his  generation,  especially  those  between  legacy,  rupture  and  innovation,  between  sound-in-itself  and  the  implicit  meanings  of  his  choices,  between  his  personal  journey  and  the  awareness  of  his  time,  between  personal  expression  and  the  feeling of historical responsibility and, finally, between representation of nationality and alterity.